Sala Mais linda do brasil

Sala Mais linda do brasil

HOLANDA, AMSTERDAN. 30/08/2010
        Tentar enfrentar uma fila às 7 da manhã só para tomar banho e com uma temperatura de 15°C foi o maior desafio que eu enfrentei no país. Limpa e com todo o gás pensei em visitar outra cidade, mas Amsterdam havia me conquistado e não tinha como deixar tantas coisas a serem vistas para trás. A chance era única. Conforme combinado no dia anterior,  encontrei meus mais novos amigos no mercado  Albert Heijn, no qual pode-se comprar sanduíches prontos típicos da região.
   Ainda bem que levei dinheiro. Os cartões de créditos não são comuns nos pequenos comércios e nem pense em usar cheque. Os neerlandeses têm abominação aos cheques, por os considerarem duvidosos. Ainda nessa questão de diferença de costumes corriqueiros em relação ao Brasil, em Amsterdam as tomadas são todas de voltagem 220. Noite passada eu, tentando carregar meu celular, por pouco não explodo o aparelho – está bem, ele só teria queimado; explodir foi um pouquinho de exagero. A surpresa veio no banheiro. Não existem cestos de lixo. O papel é jogado no vaso mesmo e ainda por cima se cobra uma taxa de centavos  por utilizá-lo. Isso, porém,  não significa que o banheiro é higiênico.
        Uma coisa curiosa são as grandes vias ciclísticas . As bicicletas são tão parte da cultura holandesa, como as tulipas e os moinhos. Além de fazer bem para a saúde, andar de bicicleta em Amsterdam é um exercício para o bolso, já que o custo de vida não é dos mais baratos. Andar de bike nessas ruas não é tarefa fácil. Procurando economizar e apreciar ao mesmo tempo a paisagem do local,  nós quatro alugamos bicicletas. Coisa comum entre os turístas; só fiquei me perguntando: porque andar de bicicleta em Amsterdam é estilo sustentável e no Brasil vemos com olhos maldosos? Encarando trilhos de bondes, carros estacionados na ciclovias e pedestres para todos os lados,  fomos rumo à famosa Red Light District, traduzindo, Distrito da Luz Vermelha.
     No país,  a prostituição e o uso de drogas são legalizados. Existem os chamados distritos repletos de janela amplas, nas quais você paga, as cortinas se abrem, e uma jovem faz danças eróticas com pouca roupa. Isso é normal. Nesses distritos, eu encontrei senhoras, famílias, crianças, e como já era de se esperar um grupo de adolescentes imaturos à procura de sexo e drogas sem nenhum respeito pela cultura holandesa. A arquitetura do local é magnífica! É realmente um local colorido e agradável. Nesses distridos vivem pessoas que não têm nada a ver com o sexo e eles convivem harmoniosamente. Ser prostituta é igual a ser vendedora em uma loja no Brasil. Elas trabalham honestamente, com direitos assegurados por lei e proteção constante da polícia holandesa próximas as janela.
      Mas não é permitido tirar fotos. Isso é contra a lei, assim como jogar papel no chão. Tirar fotos é considerado crime, pelo fato de invadir e atentar ao pudor contra as meninas das janelas. É estranho o termo atentado ao pudor num local desses, mas isso faz o lugar ser tão contraditório e empolgante.
      Andar de bicicleta cansa e abre o apetite. O local mais próximo servia o arenque, um tipo de peixe marinho que se come cru acompanhado por cebolas e picles. Os holandeses mais tradicionais tiram somente a cabeça e o comem inteiro. Nós comemos o haring. Feito do memso peixe, mas cortados em pedaços pequenos parecidos com sushi, mas ainda comidos crus.
        No restaurante no qual comi essa iguaria, o dono muito simpático me contou um pouco da histórias de Amsterdam. Seu nome é derivado de uma represa (dam) localizada no rio Amstel, que corta a cidade.  As histórias populares contam que a Amsterdam foi fundada por dois pescadores da província de Frísia e acabaram nas margens do rio Amstel com seu cachorro. O crescimento atraiu cobiça e a cidade enfrentou vários conflitos principalmente com a Espanha. No século XVII, considerado o Século do Ouro de Amsterdam, surgiu a Companhia Neerlandesas das Índias Orientais que comandavam o comércio na Europa e nas colônias.

Atualmente Amsterdam possuí 2 milhões de habitantes, divididos entre terra e água. A população se orgulha do símbolo protetor sustentado desde a época da rainha Guilhermina. O escudo consiste em três cruzes chamadas Cruz de Santo André em homenagem ao apóstolo André. As cruzes, de acordo com o senhor do restaurante, representam os três perigos que mais afetaram o país: inundação, incêndio e a peste. Depois da interessantíssima aula de história ao ar livre,  o dono do restaurante se despediu de nós com o lema: "Heldhaftig, Vastberaden, Barmhartig" (Valente, Decidida e Misericordiósa). Não é legal!
       Já eram duas da tarde e minha vontade era de ficar. Para pensar no próximo passo e no pouco tempo que me restava,  eu sugeri aos meus amigos que fôssemos ao Vondelpark. É um parque com lago, patinhos nadando, um clima bem familiar, sol, crianças correndo, cafés ao ar livre, um ótimo clima pra refletir, meditar.
        Com sede de conhecimento, tomamos um trem e fomos à Ghent. Uma cidadezinha medieval na Bélgica. Há vários pontos turísticos, como castelos e monumentos da época medieval para apreciar. Os canais também são pontos atrativos no percurso. Os campanários das igrejas do século 19 foram tombados como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Com vários metros de altura,  pode-se subir de elevador nos mais altos e se estontear com a beleza da cidade.
        O centro histórico parece reconstruído de tão conservado. Como o imponente castelo medieval da cidade antes no século XIX se apresentava somente em ruínas, instituiu-se que, para mantê-lo, se cobraria uma taxa de visitação de 10 euros.
     Na viagem de volta (3 horas de Amsterdam), a Centraal Station é uma atração à parte. Tentar descrevê-la acaba com a primeira impressão